Tânia Ferrari Sidor
Psicóloga CRP 08/15988
Quem nunca se deparou com alguma criança fazendo birra no supermercado ou na saída de uma festa?! Ou então se perguntou, onde foi parar aquele bebê que era tranquilo e paciente, e hoje se joga não chão, chora e tem comportamentos alterados. Lidar com a birra é um desafio para os pais, pois esse comportamento provoca um turbilhão de sentimentos, sensação de não saber como lidar, de acreditar que não sabe educar, de frustração e até mesmo de raiva.
A palavra “birra” é usada para nomear comportamentos emitidos normalmente por crianças que estão querendo alguma coisa, porém as suas ideias estão sendo contrariadas. No entanto se perguntarmos aos pais/avós, vamos obter uma resposta de senso comum, como por exemplo, ela (criança) é assim mesmo, geniosa e de uma personalidade forte. Observamos então a falta de conhecimento sobre esse comportamento, que é aprendido ao longo do tempo. Mas então em que momento as crianças aprendem a fazer birra?
Quando por exemplo, uma criança pede um brinquedo aos pais em um momento não apropriado (hora da refeição, hora da tarefa escolar) e os pais não permitem, em seguida, a criança tende a chorar, gritar e ficar irritada, perante esse comportamento, os pais cede ao choro. Na fila do supermercado o pai afirma que não vai levar chocolate, no entanto ao ver a criança chorando sobre os olhares curiosos, novamente o pai cede. São essas permissões feitas após gritos, birras e choro, que reforçam o comportamento da criança em tentar ganhar uma “briga” com os pais.
Em contrapartida é importante observar em que contexto essas birras ocorrem, e que outros fatores também podem estar relacionados, como por exemplo, o quanto a criança está preparada para lidar com a frustração em ser contrariada, o grau de maturidade dela para compreender o “não”, ou até mesmo o quanto os pais estão sendo testados quando o assunto é limites.
E aí nos perguntamos se existe uma fórmula mágica para identificar e lidar com a birra? Infelizmente não, no entanto podemos avaliar as situações e compreender a função de cada comportamento que a criança emite, e mudar o que tem reforçado ela a repetir. Eu diria que a birra é igual ao “cabo de guerra” onde os pais puxam de um lado brigando e aplicando punições exageradas ou que nunca serão cumpridas, e do outro as crianças que testam, até onde conseguem ir, se beneficiando e dominando a situação.
- Como mudar esse comportamento?
- Como ser assertivo na educação e no manejo com as birras?
- Como lidar com essa situação sem culpa e com mais segurança?
- Como ajudar as crianças a entender os sentimentos e lidar com a frustração?
Ainda há muito que dialogar sobre a birra infantil. E é sobre essa temática que eu proponho para refletirmos ao longo do tempo.