Mayara Nunes Almeida
Psicóloga CRP 08/18704
As crianças são cheias de sonhos e imaginação, e isso não é ruim, elas precisam desenvolver o processo criativo. Quando me perguntaram sobre a importância dos sonhos na infância, logo veio àquela música interpretada pelo Toquinho, Aquarela:
“Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel,
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando, contornando a imensa curva norte e sul,
Vou com ela, viajando, Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco, navegando,
É tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo, com suas luzes á piscar
Basta imaginar que ele está partindo, sereno, indo,
E se a gente quiser, ele vai pousar…”
E fiquei ali, refletindo sobre como este mundo criado pela criança tem importância e significado pra ela. Ela descobrirá, no tempo dela, de que este mundo aos poucos vai tornando-se diferente. Por isso, pais e mães, tranquilizem-se!
Estamos vivendo em um momento cultural tão acelerado que parece que se uma criança para, pra ver o caminhar da formiguinha, algo errado está acontecendo. Não precisamos de agendas cheias para as crianças, precisamos é desacelerar e respeitar o ritmo delas. Isso também é praticar a educação não violenta, ensinar a criança a respeitar o próprio tempo e nós adultos respeitarmos o tempo dela.
Não precisamos e não devemos educar as crianças para serem enquadradas na sociedade. Criança é criança! Atualmente escutamos muito queixas do tipo “Joãozinho não para quieto na sala de aula e no recreio então, corre de um lado para o outro atrás dos coleguinhas”. Como se isso fosse realmente fosse uma queixa, sem compreender que o Joãozinho ‘só’ está sendo criança mesmo. Criança, corre, pula, grita, sobe em cima do sofá, fala pulando de um lado para o outro, fala pulando em um pé só, enfim, elas fazem coisas de crianças.
Essa cobrança social acarreta nos pais sentimentos de culpa por não conseguirem socialmente cumprir com a perfeição socialmente exigida, por vezes daqueles que também não conseguem alcançar a perfeição, até mesmo, porque quando se trata da criação dos filhos precisamos mesmo é lidar com a imperfeição da maternidade e paternidade.
E além de lidar com essa imperfeição real da maternidade/paternidade precisamos falar dela, precisamos quebrar as cobranças sociais. Não comparar a vida do seu filho com a vida do filho do vizinho, lembre-se, cada criança tem o seu tempo! É preciso dedicar-se à educação dos filhos, e compreender que na medida que eles crescem, crescem com eles também novas mães e novos pais, até mesmo porque a criação dos filhos não é cristalizada, ela é atravessada por vários fatores e deve ser cheia de afeto e carinho. Essa relação é aprendida no dia a dia. Que possamos viver imperfeitamente a maternidade e paternidade!