Tânia Ferrari Sidor
Psicóloga CRP 08/15988
O assunto Birra já não é mais novidade por aqui, no entanto ainda há muito que dialogar sobre esse comportamento que as crianças tendem a emitir como forma de controlar os adultos.
O quanto será que os pais permitem e reforçam o comportamento de birra por estarem cansados do dia exaustivo, e não querer mais trabalho em casa? Sim educar dá muito trabalho, exige muito, também é frustrante às vezes, bate o sentimento de culpa e de questionamento do quanto estamos sendo bons ou ruins enquanto pai e mãe.
No entanto vamos relembrar que a birra é uma frustração por algo negado, e nós enquanto adultos devemos ajudar os pequenos a compreender e lidar com as frustrações.
A rotina acaba por vezes cegando os pais, e não nos damos conta de que muitas vezes as crianças não sabem o que estão sentindo, choram no intuito de se comunicar, dando sinal que “algo esta errado”; e aí entra o papel dos adultos de observarem e denominar esse sentimento como “sono, fome, calor”, algum incomodo que ela não consegue descrever e ajuda-la a superar. É importante mostrar possibilidade para a criança, dar alternativas para ajuda-la a resolver aquele problema, no entanto ajudar não é sinônimo de fazer por ela, lembramos que a criança precisa passar por esse processo natural do desenvolvimento, mas que pode ser mais afetuoso e menos dolorido se pudermos estar apoiando e incentivando esse momento.
A criança “birrenta” de hoje pode tornar-se o adulto inseguro, que não consegue compreender um não, quando contrariado é ríspido e imaturo nas atitudes. Essa falta de maturidade na vida adulta pode acarretar em problemas interpessoais e uma certa dificuldade de resolver pequenos problemas do dia a dia. Não basta apenas crescer para nos tornar adultos, é preciso amadurecer, entender e aprender a lidar com as emoções, afinal ao longo da vida vamos enfrentar frustrações, independente de querer ou não, o que muda é a forma como vamos lidar com esses imprevistos.
Ou seja, quanto mais demonstrarmos afeto e segurança, quanto mais nossas atitudes forem assertivas e coerentes com as crianças, menores são as chances de comportamentos de birras aparecerem ou se estenderem.
Temos a mania de ditar comportamentos corretos, regras e punições e, no entanto fazemos o contrário, a tal famosa frase “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, esquecemos que o comportamento é aprendido, assim para as crianças o exemplo é muito mais valorizado do que a fala.